15 de dezembro de 2010

Byanca, e a família.


Tive uma infância normal e corrente. Nessa infância chorei pedindo leite de madrugada, deixei toda a comida no prato, chorei em supermercados, desobedeci, quebrei copos... Apanhei bastante! Mas se teve uma coisa que compensou essas surras foram as Barbies! Durante toda minha vida eu tive cerca de 117 Barbies. Já tive loira, morena, ruiva, negra, grávida, veterinária, confeiteira, professora, babá... E a mais importante: A NOIVA! Essa Barbie já deve ter se casado umas 500 vezes, tendo a mim como padre. Embalando e velando bonecas com cantigas de ninar pacientemente... E assim eu cresci brincando, assistindo filmes e venerando o casamento alheio como se fosse o momento mais importante desse mundo de meu Deus. E assim foi até os meus 16 anos.
Deus, eu tenho 18 anos, e já foram tantas desilusões amorosas que não cabem no papel! E por esse e outros fatores fazem dois anos que eu desisti do que desejei a vida toda; Desisti de casar e de ter filhos. Comecei à achar que ia ser lindo nos primeiros meses ou anos e que logo quando ele me estreasse o meu corpo, quando morresse a curiosidade, quando memorizasse todos os meus gritos isso ia acabar.
Convenhamos! Somos movidas à amor!!! E eles à carne, desejo e impulso. Nós não vemos a hora de envelhecer do lado de quem amamos, criar filhos e logo netos. Eles não vêem a hora de que encontremos uma distração para nos trair com uma 20 anos mas nova, já que então já teremos 40 anos e ocupadas com casa, trabalho e filhos, talvez netos! Vassouras novas sempre varrem bem. Hoje é em dia é quase impossível encontrar um homem que tenha tido a mesma mulher toda uma vida.
Porra! Homens brocham, e seguindo essa lógica somos nós quem deveríamos troca-los por homens mais novos e com a potência sexual de não sei quantos cavalos. Mas infelizmente, quando as rugas cortem a nossa pele e a celulite invada as nossas pernas eles já estariam longe! So far away...
Como eu quero um homem que não existe; Um companheiro eterno, resolvi não querer ninguém. Filhos... "Ah, os meus filhos..." Está aí uma frase que eu não quero nunca dizer. Sou muito certa. Só de pensar em ter um filho desobediente, cheio de piercings, vagabundo, ladrão, ateu ou emo me dá nos nervos! E pra não parar na cadeia de tanto espancá-los prefiro não tê-los. Não me vejo amamentando de madrugada enquanto o meu marido dorme tranqüilamente, nem trocando fraldas de odor terrivelmente indescritível, nem chegando cansada do trabalho tendo que ajudar com lição de casa, nem tendo todas as minhas roupas limpas terei que lavar a alheia, nem chegando em casa sem fome ter que cozinhar pra outros, nem dobrando carrinhos de bebês com um malabarismo dos infernos pra colocar num porta-malas. E muito menos criando um filho sozinha. Olha pra mim; Eu tenho lá cara de quem cria um filho com amor, ainda mais sozinha?
A vida de uma mulher por si só já é muito sofrida. Sofremos discriminação laboral, temos cólicas terríveis, temos que ser cortadas ou fazer uma força dos Diabos pra ter um bebé, não podemos sair na rua sozinhas quando é muito tarde... Se eu parar pra contar o chato que é ser mulher nem todos os blogs do mundo chegariam.
Não pense que eu digo pra viver cantando "All By Myself - Céline Dion" eternamente. Há momentos... E momentos.
Dá muito bem pra viver sozinha e ser feliz! Amigos e parentes estão aqui pra isso! Há muitas mais fontes de felicidade nesse mundo do que uma família trabalhosa, ingrata e exaustiva.
Pensem o que quiser, mas não quero ser mais a Mulher de Atenas de algum tempo atrás, não quero me dedicar a quem seguramente não vá valorizar, e não quero ser presa por espancar um filho desobediente até a morte... Como diz a letra popularmente conhecida na voz de Madonna, Don't Cry For Me Argentina; "And I choose freeeeedom!"
Pense na liberdade de estar sozinha e seja feliz, como também espero um dia, não muito distante ser...


"Há um clube, se você quiser ir
Você poderia encontrar alguém que te ame de verdade
Então você vai, e você fica sozinho
E você vai embora sozinho
E você vai pra casa, e você chora
E você quer morrer

Quando você diz que vai acontecer "agora"
Bem, quando exatamente você quer dizer?
Veja, eu já esperei demais
E toda minha esperança se foi..."
(How Soon Is Now - The Smiths)